Do Valor Econômico
O celular vai aos poucos se firmando como meio de pagamento, capaz de substituir os cartões de crédito ou débito e até mesmo o dinheiro. Uma nova bandeira, a Novo e-pay, chegou ao mercado e aposta no aparelho, inclusive para fazer transações sem contato, apenas por proximidade, por meio de um adesivo colado no telefone. Já a M-cash, a primeira do mercado tenta ampliar o uso do celular por meio de parcerias com o varejo. A Novo e-pay começou a usar o celular sem contato em Alphavile, onde moram os endinheirados de São Paulo. A empresa desenvolveu um adesivo que só funciona no celular em que é colado e é autodestrutivo, por isso não pode ser removido. Dentro do adesivo há um chip, como o do cartão de crédito, relacionado a um número de telefone. Basta aproximar o aparelho da máquina leitora e a transação é aprovada. Além disso, um software da bandeira é instalado no celular. A ideia é facilitar o uso para operações de pequeno valor, por isso, para transações menores que R$ 30,00 não há necessidade de senha. A tecnologia não depende da linha telefônica nem da operadora, só do aparelho. Erivelto Rodrigues, sócio da Austin Asis, consultoria especializada no mercado financeiro, há algumas semanas virou sócio também da Novo e-pay. Ele assumiu a presidência da companhia. Há cerca de um ano, a empresa vinha testando o uso do celular como meio de pagamento. Os testes começaram no comércio de Aldeia da Serra, onde há condomínios de luxo nas proximidades de São Paulo. A tecnologia usada é a do "token" instalado no celular e que gera senhas a cada transação. Depois de Aldeia, o produto foi levado para Alphavile. Até agora, são 700 estabelecimentos cadastrados e 2 mil clientes usuários. Segundo Rodrigues, os fundadores da e-pay, todos brasileiros, tinham um perfil técnico (vieram de empresas como T-Systems e True Acess). Faltava na empresa alguém do mercado financeiro. A bandeira faz todo o trabalho, desde o cadastramento dos pontos comerciais até as transações. Para atrair usuários, não há cobrança de tarifas. Do estabelecimento, o executivo conta que o grande diferencial é a cobrança de uma única taxa, de 1,98% por transação. "É mais baixa que a cobrada pelas empresas de cartão, na casa dos 3%", diz ele. Não é cobrado o aluguel da máquina leitora. Para financiar as operações de pagamento, a empresa tem acordo com o banco BVA. "A grande vantagem da transação sem contato é a rapidez, principalmente no horário de pico", diz Maria Lucia Simonetti, proprietária do restaurante Crystal, instalado no térreo de um prédio de escritórios de Alphaville e o primeiro a testar a nova tecnologia da e-pay. Segundo ela, 90% dos clientes usam o cartão para pagar e, no horário de almoço, o mais movimentado, alguns segundos a menos na transação fazem toda a diferença. Depois dos bairros nobres, a estratégia da Novo e-pay é ir para a cidade de São Paulo, a partir de julho, e outras regiões do país. Segundo Rodrigues, em Campo Grande (MS) a bandeira começa a instalar o equipamento em uma rede de farmácias. A bandeira também tem um braço internacional, por meio de um acordo com a rede Sonae, de Portugal. De lá, o projeto é expandir para a Europa, onde o uso do celular como meio de pagamento ainda não é tão conhecido, ao contrário da Ásia. As pioneiras nesse mercado foram a M-Cash, criada em 2005, e a Oi Paggo, da operadora Oi (ex-Telemar). A M-Cash participou de um teste piloto com o HSBC, que não vingou, mas abriu a porta para novas parcerias. Recentemente, fechou com a Bagaggio, rede do Rio especializada em vendas de malas, mochilas e bolsas. Quem comprar nas lojas, recebe pelo celular créditos que darão direto a descontos em futuras compras. A M-Cash já havia lançado na Livraria Cultura um sistema que davas vales-presentes por celular. Quem queria presentear alguém, bastava dar o número do celular da pessoa na loja e ela receberia uma mensagem com o vale-presente. Outra iniciativa veio por meio de um acordo com a Sodexho, a maior do Brasil em benefícios. Pela parceria, os clientes da empresa pagam as corridas de táxi com o celular, eliminando o uso dos boletos. Segundo Mattos, havia um excesso de otimismo no mercado há alguns anos, quando se começou a falar do celular como meio de pagamento. As coisas não aconteceram na proporção esperada. Um dos motivos é porque os bancos resolveram ficar fora desse negócio. Alguns chegaram a fazer testes, mas boa parte não evoluiu. A M-Cash, diz ele, percebeu que havia oportunidades em buscar nichos, não explorados pelos bancos. Para Mattos, o pagamento com celular tende a ganhar espaço em compras na internet e locais como táxis e entregas em domicílio. Entre as operadoras de celular, a única a apostar foi a Oi, que lançou o Oi Paggo, que já é aceito em mais de 72 mil estabelecimentos em vários Estados e tem 200 mil usuários aptos a usar o serviço. |