Como manter a motivação no trabalho? Muitas vezes, por trás daquela falta por motivo de doença, compromisso familiar ou desculpa de última hora, está um profissional que se sente desestimulado, que vê suas habilidades sendo mal aproveitadas. Uma vez detectado, esse comportamento deve servir de alerta para empresas e funcionários, dizem os especialistas.
Recentemente, uma pesquisa realizada no mercado de trabalho britânico mostrou que a maior causa das faltas no trabalho era o tédio. Esse resultado pode refletir falta de comprometimento, alienação e desinteresse. Mas é preciso conhecer a causa da causa, ou seja, o porquê do tédio.
O ser humano precisa de desafios, e não quer ser tratado como “coisa”. Algumas empresas veem os funcionários como “números”, esquecendo-se do ser humano que gosta e necessita de ser reconhecido pelo seu valor, pela sua capacidade de criar e de inovar. “Pessoas motivadas e comprometidas não usam de mentiras para justificar o seu desestímulo pelo trabalho”, comenta Alexandre Rangel, sócio-fundador da Alliance Coaching.
A questão é: como estimular as pessoas? A motivação no trabalho decorre de três fatores: atividade física, sociabilidade e criatividade. Muitas empresas dão demasiada ênfase ao trabalho meramente físico das pessoas e se esquecem dos dois outros elementos: a sociabilidade e a criatividade.
A sociabilidade faz falta ao ser humano tanto quanto a atividade física. “Trabalhar em equipe, compartilhar ideias, discutir, discordar, comemorar, ter raiva, ganhar, perder, tudo isso faz parte da natureza humana. Quando esses estímulos não estão presentes no ambiente de trabalho, as pessoas sentem-se desmotivadas”, diz Rangel.
Já o terceiro elemento, a criatividade, aparece quando as pessoas se sentem provocadas. Se o trabalho não proporciona desafios e não estimula o uso da inteligência, a consequência é a apatia, a falta de entusiasmo e as pessoas encarando o trabalho como uma entediante rotina.
O alto índice de faltas no trabalho é um alerta para que as empresas olhem para sua força de trabalho de forma mais humana, pois os benefícios oferecidos por elas, como assistência médica, vales e seguros, não são elementos motivadores e não fazem as pessoas terem vontade de trabalhar e produzir.
Por outro lado, essas faltas também devem ser motivo de atenção para os profissionais. Se a vontade de faltar, sem justificativa real, é frequente, o funcionário deve refletir sobre suas escolhas. Afinal, é a sua qualidade de vida que está em jogo.
“Por mais delicada que seja a situação, o mais indicado é conversar francamente com o superior e falar da sua falta de motivação para realizar o trabalho”, afirma Rangel. Um bom profissional pode até mesmo contar com a possibilidade de trabalhar em outro setor da empresa que possa ser mais desafiador. Se a questão não for sanada, é o momento de procurar outras oportunidades.
O normal do ser humano é querer progredir, viver em condições mais confortáveis, proporcionar melhor escolaridade e ambiente social para si e para sua família. É por isso que, de acordo com Rangel, o profissional deve entender que a vida é feita de realizações, ou seja, de ganhos e perdas. Por exemplo: se uma pessoa determina que visitará 15 clientes na semana, mas, na prática, visita apenas dez, ela “perdeu” cinco visitas. Se alguém se propõe a ler dez capítulos de um livro em um mês e consegue ler apenas oito, “perdeu” dois.
Isoladamente, pode parecer pouco, mas some essas perdas, por semanas, meses ou anos, e será possível ver o impacto que isso poderá ter na vida e no sucesso de uma pessoa. Uma falta aqui, outra ali, justificada por uma mentira branca, a princípio pode não significar nada, mas, multiplicando-se indefinidamente, essa ausência profissional poderá ser desastrosa e impedir que o profissional realize os seus sonhos de melhor qualidade de vida.
É importante lembrar que até pior que o absenteísmo, a ausência física no trabalho, é o chamado “presenteísmo”. Isso ocorre quando a pessoa está presente no trabalho, mas o seu pensamento está distante. Na verdade, ela está “ausente”. As consequências podem ser mais prejudiciais, pois o funcionário que falta ao trabalho não comete erros. Mas, se ele está ausente em pensamento, sua distração pode levá-lo a cometer falhas que podem ser extremamente prejudiciais para sua carreira e para a empresa.
Fonte: Canal Executivo