Em funcionamento há dois
anos, o Sistema Público de Escrituração Contábil (Sped), que
faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e funciona como
ferramenta de fiscalização e desburocratização na relação
entre o Fisco e os contribuintes, ainda gera muitas dúvidas entre o
empresariado e contabilistas de todo o país.
Atualmente, a nova regulamentação exigida pelo Sped envolve apenas as empresas
sujeitas à tributação de Imposto de Renda com base no Lucro Real, com receita
bruta total superior a R$ 48 milhões. Porém, esse cenário deve sofrer mudanças
bruscas nos próximos anos e as micro e pequenas empresas devem
ser atingidas pelo novo modelo
Como
O Sped atua como parte do projeto de modernização da sistemática atual,
obrigando contabilistas e empresários a transmitirem suas
obrigações acessórias aos órgãos fiscalizadores por meio de Escrituração
Contábil Digital (ECD), Escrituração Fiscal Digital (EFD) e Nota Fiscal
Eletrônica (NF-e). Com isso, o sistema integra de forma digital as administrações
tributárias das esferas do governo federal, estadual e municipal.
O gerente da Unidade de Desenvolvimento de Soluções do Sebrae/PR, Agnaldo
Castanharo, diz que o Sped ajudará na desburocratização. “O sistema figura como
um complemento da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (em
vigor no País desde dezembro de 2006), atuando como uma ferramenta que diminui
a burocracia nas relações entre o Fisco e os empresários. Além disso, a
editoração elimina as notas fiscais impressas e possibilita significativa
melhoria nos processos de gestão contábil por parte da empresa, diminuindo seus
custos”, explica.
Para Castanharo, assim que o Sped for implementado para utilização, por micro e
pequenas empresas, os empresários terão ganhos significativos, acelerando seus
fluxos e processos, além de se certificarem de garantias jurídicas de seus
processos de gestão. “O sistema melhora a transparência da relação de dados
apresentados ao fisco”, analisa o gerente do Sebrae/PR.
O coordenador de Políticas Públicas do Sebrae/PR, Cesar Rissete, afirma que,
quanto antes os empresários de pequenos negócios começarem a se adequar para
aderir ao Sped, mais simples se tornará o processo. “Sabemos que as micro e
pequenas empresas ainda não são obrigadas a utilizar o novo sistema, mas, em
breve, ele será estendido a um número maior de pessoas jurídicas. O empresário
que for se adiantando, certamente contará com uma ferramenta importante e
moderna que auxiliará a gestão de seu negócio”, analisa.
Para o delegado da Receita Federal, Antônio Coelho Lopes, o Sped funciona como
um programa de aprimoramento do sistema tributário, com
objetivo de redução de custos através da redução das obrigações acessórias das
empresas. “É de primordial importância que os profissionais de contabilidade e
empresários estejam familiarizados com o sistema, que já está
Mais agilidade
Odair José Celestiano atua como contador da unidade de fertilizantes Terra
Nova,
A técnica contábil Julia Damaceno, que atua na empresa de importação e exportação
Inderieur, também está com excelentes expectativas com relação à implementação
do SPED em sua rotina de trabalho. “A partir de abril, começaremos a utilizar
as notas fiscais eletrônicas, como forma de diminuir os impactos ambientais e o
arquivamento de material”, diz. Com relação ao seminário, Julia explica que as
orientações recebidas serão muito úteis e, com certeza, facilitarão seu
trabalho. “O trabalhos dos palestrantes tornou o sistema mais acessível. Agora
começo a ver que não é nenhum ‘bicho de sete cabeças’”, comemora.
Oportunidades
No Paraná, muitos empresários do ramo de Tecnologia da Informação (TI)
estão vendo o Sped como uma oportunidade de negócio. Micro e
pequenas empresas estão oferecendo a readequação de sistemas para atender as
regulamentações do sistema.
O coordenador estadual de TI do Sebrae/PR, Ricardo Pereira, afirma que o novo
Sped está aumentando as receitas das empresas paranaenses desenvolvedoras de
software. “As empresas atingidas pelo Sped estão sendo obrigadas a fazer
readequações dos softwares que já eram oferecidos por seus fornecedores e esse
processo tem um custo”, analisa.
O diretor comercial da MobiOn, José Manuel Catarino Barbosa, é um exemplo de
empresário que aposta na implementação do Sped como uma oportunidade de mercado
vantajosa para as empresas de TI, mas afirma que a demanda tem tempo limitado e
exige maturidade tecnológica. “Nossa empresa foi uma das primeiras a ingressar
no projeto. Em 2006, nossos profissionais atuaram diretamente na definição dos
padrões de comunicação fazendários, fornecendo inclusive software para a
Receita Federal”, afirma.