A crise internacional respingou no Brasil e o Ibovespa, o índice das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 27,9% do começo do ano até o dia 29 de setembro. O cenário não é otimista, mas pode ser uma boa oportunidade para comprar ações que estão com preços baixos. “Ninguém sabe quando será o fi m da crise. Como o mercado está em baixa, é hora de ir comprando aos poucos”, diz Leonel Molero, gestor fi nanceiro e professor de derivativos da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo, ao avaliar o momento de incerteza e volatilidade pelo qual passa também o mercado acionário brasileiro. A recomendação cabe melhor ao investidor com perfi l mais agressivo.
Antes de sair comprando ações é preciso selecionar os melhores papéis. Para isso, o investidor deve avaliar o potencial das empresas, comparando umas com as outras. Depois é imprescindível conhecer os detalhes das companhias mais atrativas. E você vai fazer isso olhando o balanço patrimonial e o demonstrativo fi nanceiro delas. Muitas corretoras disponibilizam informações setoriais e das empresas em seu site. Outras permitem que o investidor cadastrado consulte os analistas por telefone. Também há as corretoras que disponibilizam análises gráfi cas, que sugerem momentos oportunos para que o investidor compre ou venda determinada ação, sempre que ela atingir um preço-alvo. A sugestão de Robson Queiroz, diretor da corretora SLW, de São Paulo, é que o investidor inicie a compra de ações com, no máximo, de 30% a 40% do total de sua poupança. Os mais conservadores devem destinar percentuais menores: algo entre 20% e 30%.
Os recursos têm de fi car aplicados por mais de um ano. “Se é dinheiro é para ser usado no curto prazo, o momento não é de procurar a bolsa, pois a volatilidade deve permanecer por mais algum tempo”, diz Robson. A bolsa só é investimento adequado para quem tolera os altos e baixos do mercado. “Para aplicar em ações, a pessoa tem de ser capaz de ver seu dinheiro diminuir 20% a 25% em pouco tempo, como aconteceu agora, sem que isso seja angustiante”, diz Luiz Jurandir Simões de Araújo, consultor e professor de fi nanças e matemática atuarial da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi ), de São Paulo. Para os investidores mais agressivos, os especialistas não descartam operações diferenciadas e de curto prazo, que podem gerar lucros em momentos de volatilidade e incerteza.
Mas são unânimes ao afi rmar que é imprescindível dedicação para estudar e acompanhar o mercado fi nanceiro. “O investidor tem de defi nir claramente os valores a aplicar e a perda tolerável”, diz Fernando Góes, analista gráfi co da homebroker WinTrader, de São Paulo. Veja na próximas páginas oito alternativas para você aproveitar a volatilidade da bolsa.
1. COM AÇÕES, NÃO VENDA
Aproveite a baixa nos preços para aumentar sua carteira. A compra deve ser feita aos poucos e durar enquanto os preços estiverem em queda livre. A idéia é formar um valor médio baixo, que garantirá lucros significativos assim que a situação do mercado se estabilizar.
2. TROQUE A COMPOSIÇÃO DA CARTEIRA QUE JÁ POSSUI
Venda papéis de empresas ou setores que diminuíram a atratividade e compre outros mais promissores. Uma dica é investir nas small caps (empresas pequenas), que em geral são mais penalizadas em momentos de crise e podem oferecer boas oportunidades de lucro para quem pensa no longo prazo. A sugestão dos analistas é olhar para as companhias fornecedoras de produtos e serviços para grandes empresas.
3. COMPRE PAPÉIS DE EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO
Apesar da queda dos preços das commodities, os analistas apostam no crescimento da safra e sugerem que o foco seja as empresas envolvidas com a expansão da produção, e não com a venda final dos produtos. Por exemplo, as companhias de fertilizantes.
4. INVISTA EM BLUE CHIPS
As blue chips são as ações de maior liquidez na bolsa, como Petrobras, por exemplo. Analistas avaliam que boa parte das vendas recentes desses papéis decorreu de uma necessidade que os investidores, principalmente os estrangeiros, tiveram de fazer caixa para cobrir prejuízos registrados em outros mercados. A perspectiva é que os preços comecem a se recuperar logo que a situação macroeconômica der sinais de melhora.
5. VENDA OPÇÕES
Nessa operação define-se um preço e um prazo para o negócio ser efetuado. O comprador da opção paga um prêmio e fica com o direito de adquirir a ação ao preço definido no contrato, em data futura. Se o preço do papel cair e na data do exercício estiver menor do que o valor estipulado no contrato, o comprador da opção desiste do negócio e você lucra o prêmio. Se a ação subir, o comprador terá direito de adquirir o papel pelo preço contratado, inferior ao de mercado. Você embolsa o prêmio, mas perde no valor da ação, quer você a tenha em mãos, quer precise comprá-la no mercado para entregar.
6. ALUGUE AS AÇÕES PARA UM ESPECULADOR
Enquanto você espera o mercado se recuperar, é possível obter uma taxa de juros prefixada e determinada pelas condições de mercado alugando os papéis por um prazo definido — 60 dias é o mais comum. Você não vai perder o direito ao recebimento de lucros, ainda que eles venham a ser pagos no período em que as ações estiveram alugadas. Os especialistas não recomendam essa operação para os investidores inexperientes.
7. ALUGUE AÇÕES PARA VOCÊ
Se você não tem ações e acredita que a bolsa vai cair, é possível alugar os papéis de um investidor de longo prazo. A estratégia consiste em vender os papéis alugados no mercado e esperar o preço cair. Aí você recompra os papéis por valor menor e devolve ao dono. Para obter lucro, a diferença entre o preço de venda e o de recompra tem de garantir o pagamento dos custos da operação, a taxa de juros acertada com o dono dos papéis e um lucro que você considere compensador. O término da operação é você quem determina, dentro do limite predefinido com o proprietário das ações — em geral, 60 dias. A taxa de juros paga é proporcional ao tempo do aluguel. O risco é a ação subir. Nesse caso, você terá o prejuízo da alta do papel e da taxa de juros a pagar pelo aluguel.
8. COMPRE PAPÉIS DE EMPRESAS DO MERCADO DOMÉSTICO
Apesar da crise, os fundamentos da economia nacional continuam sólidos. Para 2009 , espera-se um crescimento menor da economia brasileira, mas com a inflação voltando à meta de 4,5%. Invista nos papéis dos setores de varejo, como a B2W (Submarino), e bancos.
Fonte: Você S/A OnLine